Secretaria Municipal de Educação -SEMED
Profª Jandira Coelho Rausch - Informática Pedagógica

E.B.M. "Machado de Assis".
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Profª Jandira Coelho Rausch
- Informática Pedagógica
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Profª Maria Rosemeri Leite
- Língua Portuguesa
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Turma: 7º ano

GRAMÁTICA e INTERPRETAÇÃO TEXTUAL.

UM DESEJO E DOIS IRMÃOS

Dois príncipes, um louro, e um moreno. Irmãos, mas os olhos de um azuis, e os do outro verdes. E tão diferentes nos gostos e nos sorrisos, que ninguém os diria filhos do mesmo pai, rei que igualmente os amava. Uma coisa, porém, tinham em comum: cada um deles queria ser o outro. Nos jogos, nas poses, diante do espelho, tudo o que um queria era aquilo que o outro tinha. E de alma sempre cravada nesse desejo insatisfeito, esqueciam-se de olhar para si, de serem felizes. Sofria o pai com o sofrimento dos filhos. Querendo ajudá-los, pensou um dia que melhor seria dividir o reino, para que não viessem a lutar depois da sua morte. De tudo o que tinha, deu o céu para o seu filho louro, que governasse junto ao sol brilhante como seus cabelos. E entregou-lhe pelas rédeas um cavalo alado. Ao moreno coube o verde do mar, reflexo de seus olhos. E um cavalo-marinho. O primeiro filho montou na garupa lisa, entre as asas brancas. O segundo filho, firmou-se nas costas ásperas do hipocampo. A cada um seu reino. Mas as pernas que roçavam em plumas esporeavam o cavalo para baixo, em direção às cristas das ondas. E os joelhos que apertavam os flancos molhados ordenavam que subisse, junto à tona. Do ar, o príncipe das nuvens olhou através do seu reflexo, procurando a figura do irmão nas profundezas. Da água, o jovem senhor das vagas quebrou com seu olhar a lâmina da superfície procurando a silhueta do irmão.

O de cima sentiu calor, e desejou ter o mar para si, certo de que nada o faria mais feliz do que mergulhar no seu frescor. O de baixo sentiu frio, e quis possuir o céu, certo de que nada o faria mais feliz do que voar na sua mornança. Então emergiu o focinho do cavalo-marinho e molharam-se as patas do cavalo alado. Soprando entre as mãos em concha, os dois irmãos lançaram seu desafio. Alinharam-se os cavalos na beira da areia e partiriam para a linha do horizonte. Quem chegasse primeiro ficaria com o reino do outro. - A corrida será longa – pensou o primeiro. E fez uma carruagem de nuvens que atrelou ao seu cavalo. - Demoraremos a chegar – pensou o segundo. E prendeu com algas uma carruagem de espumas nas costas do hipocampo. Partiram juntos. Silêncio na água. No ar, relinchos e voltear de plumas. Longe, a linha de chegada dividindo os dois reinos. Os raios do sol passaram pela carruagem de nuvens e desciam até a carruagem de espumas. Durante todo o dia acompanharam a corrida. Depois brilhou a lua, a leve sombra de um cobriu o outro de noite mais profunda. E quando o sol outra vez trouxe sua luz, surpreendeu-se de ver o cavalo alado exatamente acima do cavalo-marinho. Tão acima como se, desde a partida, não tivessem saído do lugar. Galopava o tempo, veloz como os irmãos. Mas a linha do horizonte continuava igualmente distante. O sol chegava até ela. A lua chegava até ela. Até os albatrozes pareciam alcançá-la no seu voo. Só os dois irmãos não conseguiam se aproximar.

De tanto correr já se esgarçavam as nuvens da carruagem alada, e a espuma da carruagem marinha desfazia-se em ondas. Mas os dois irmãos não desistiram, porque nessa segunda coisa também eram iguais, no desejo de vencer. Até que a linha do horizonte teve pena. E devagar, sem deixar-se perceber, foi chegando perto. A linha chegou perto. Baixou seu voo o cavalo alado, quase tocando o reflexo. Aflorou o cavalo-marinho entre as marolas. As plumas, espumas se tocaram. Céu e mar cada vez mais próximos confundiram seus azuis, igualaram suas transparências. E as asas brancas do cavalo alado, pesadas de sal, entregaram-se à água, a crina branca roçando o pescoço do hipocampo. Desfez-se a carruagem de nuvens na crista da última onda. Onda que inchou, rolou, envolvendo os irmãos num mesmo abraço, jogando um corpo contra o outro, juntando para sempre aquilo que era tão separado. Desliza a onda sobre a areia, depositando o vencedor. Na branca praia do horizonte, onde tudo se encontra, avança agora um único príncipe, dono do céu e do mar. De olhos e cabelos castanhos, feliz enfim. COLASANTI, Marina. Um desejo e dois irmãos. In: Doze reis e a moça do labirinto do vento. Rio de Janeiro: Global, 1999. p. 50-51.

VOCABULÁRIO ▪ Flancos: cada um dos lados do corpo, dos quadris aos ombros. ▪ Hipocampo: cavalo-marinho. ▪ Mornança: sensação de morno; lentidão.

Mamãe tinha dois filhos lindos. Acabaram se casando com duas moças que... bem, a mamãe nunca acha que elas são boas o bastante para seus filhos lindos. Pois eles se casaram, e cada casal foi morar numa cidade, um em São Paulo e o outro em Belo Horizonte. Aí mamãe ficou viúva e tinha de escolher com quem ela iria viver. - Na casa de que filho a senhora vai viver, dona Santinha? - Ah, minha filha, o meu problema é que uma nora quer que eu vá para São Paulo e a outra quer que eu vá para Belo Horizonte... - Ah, que simpáticas e carinhosas as suas noras, dona Santinha! - Nem tanto, minha querida. A de São Paulo quer que eu vá para Belo Horizonte, e a de Belo Horizonte quer que eu vá para São Paulo.

(Ziraldo, Rolando de rir. São Paulo: Melhoramentos, 2001. p. 75.)



Referências:

https://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=ri&ogbl
https://www.blogsoestado.com/zecasoares/2011/07/15/o-silencio-dos-dirigentes-de-futebol/
https://hargabarang.co/